O Candomblé

Candomblé é uma religião derivada do animismo africano (visão de mundo em que entidades não-humanas – animais, plantas, objetos inanimados ou fenômenos – possuem uma essência espiritual) onde se cultuam os orixás, voduns ou nkisis, dependendo da nação (a palavra nação é usada no candomblé para distinguir seus segmentos, diferenciados pelo dialeto utilizado nos rituais, o toque dos atabaques, a liturgia. A nação também indica a procedência dos escravos que lhe deram origem na nova terra e das divindades por eles cultuadas.)
Cada nação africana tem, como base, o culto a um único orixá. A junção dos cultos é um fenômeno brasileiro em decorrência da importação de escravos onde, agrupados nas senzalas nomeavam um zelador de santo também conhecido como babalorixá no caso dos homens e iyalorixá no caso das mulheres. Foram os africanos que implantaram suas religiões no Brasil, juntando várias em uma casa só para a sobrevivência das mesmas.
A religião tem, por base, a anima (alma) da Natureza, sendo, portanto, chamada de anímica. Deuses oriundos das quatro forças da natureza: Terra, Fogo, Água e Ar.
São, portanto, forças energéticas, desprovidas de um corpo material. Sua manifestação básica para os seres humanos se dá por meio da incorporação.
O termo “candomblé” é uma junção do termo quimbundo candombe (dança com atabaques) com o termo iorubá ilé ou ilê (casa): significa, portanto, “casa da dança com atabaques”
O candomblé não deve ser confundido com umbanda, macumba, e/ou omoloko, e outras religiões afro-brasileiras com similar origem.
O candomblé é uma religião monoteísta, embora alguns defendam a ideia que são cultuados vários deuses, o deus único para a Nação Ketu é Olorum, para a Nação Bantu é Nzambi e para a Nação Jeje é Mawu, são nações independentes na prática diária e em virtude do sincretismo existente no Brasil a maioria dos participantes consideram como sendo o mesmo Deus da Igreja Católica.
Os orixás/inquices/voduns recebem homenagens regulares, com oferendas de animais, vegetais e minerais, cânticos, danças e roupas especiais. Mesmo quando há na mitologia referência a uma divindade criadora, essa divindade tem muita importância no dia a dia dos membros do terreiro, mas não são cultuados em templo exclusivo, é louvado em todos os preceitos e muitas vezes é confundido com o Deus cristão.
• os orixás da mitologia ioruba foram criados por um deus supremo, Olorun (Olorum) dos Yoruba;
• os Voduns da Mitologia Fon foram criados por Mawu, o deus supremo dos Fon;
• os Nkisis da mitologia banta, foram criados por Zambi, Zambiapongo, deus supremo e criador.
O candomblé cultua, entre todas as nações, umas cinquenta das centenas deidades ainda cultuadas na África. Mas, na maioria dos terreiros das grandes cidades, são doze as mais cultuadas. O que acontece é que algumas divindades têm “qualidades” que podem ser cultuadas como um diferente orixá/inquice/vodun em um ou outro terreiro. Então, alista de divindades das diferentes nações é grande, e muitos orixás do Ketu podem ser “identificados” com os voduns do jeje e inquices dos bantos em suas características, mas na realidade não são os mesmos; seus cultos, rituais e toques são totalmente diferentes.
Cada orixá/nkisi/vodun tem as suas cores, que vibram em seu elemento visto que são energias da natureza, seus animais, suas comidas, seus toques (cânticos), suas saudações, suas insígnias, as suas preferências e suas antipatias.
Orixás têm individuais personalidades, habilidades e preferências rituais, e são conectados ao fenômeno natural específico. Toda pessoa é escolhida no nascimento por um ou vários “patronos” Orixás, que um babalorixá identificará. Alguns Orixás são “incorporados” por pessoas iniciadas durante o ritual do candomblé, outros Orixás não, apenas são cultuados em árvores pela coletividade. Alguns Orixás chamados Funfun (branco), que fizeram parte da criação do mundo, também não são incorporados.
No tempo das senzalas, os negros, para poderem cultuar seus orixás, nkisis e voduns, usaram, como camuflagem, um altar com imagens de santos católicos e, por baixo, os assentamentos escondidos.
Depois da libertação dos escravos, começaram a surgir as primeiras casas de candomblé, e é fato que o candomblé de séculos tenha incorporado muitos elementos do cristianismo. Imagens e crucifixos eram exibidos nos templos, orixás eram frequentemente identificados com santos católicos.
Nos últimos anos, tem aumentado um movimento em algumas casas de candomblé que rejeitam o sincretismo aos elementos cristãos e procuram recriar um candomblé “mais puro” baseado exclusivamente nos elementos africanos.
Os templos de candomblé são chamados de casas, roças ou terreiros.
O Candomblé se organiza, tendo como base a hierarquia, conquistada pelo tempo de participação e determinação do orixá/nkisi/vodun, e também por posições determinadas pelos sexos masculino e feminino. Trata-se de uma divisão de trabalho consciente, num grupo heterogêneo, por força de personalidades distintas com origens raciais e sociais diversas. A progressão na hierarquia é condicionada ao aprendizado e ao desempenho dos rituais longos da iniciação.
O CANDOMBLÉ a uma estrutura de culto às forças da natureza, a um hino à vida como Eterno Movimento, que se manifesta nas danças, nas cores dos orixás/inquices/voduns, nos alimentos sacramentais. Ritual comunitário de cantos, danças e alimentos sagrados na sua forma pública, o Candomblé é sacramentado pelo Pai ou Mãe de Santo, pelos Filhos de Santo, pelos tocadores de atabaque (ogan), que entoam os cantos sagrados possibilitando a vinda dos orixás/inquices/voduns, com a participação da comunidade. Todos cantam e os saúdam, que executam a dança sagrada, num hino à Alegria, Amor e Partilha.

(Wikipédia; livro “Òrun Àiyé – O Encontro de Dois Mundos” / José Beniste; Apostila “Curso de introdução ao candomblé” – ILÊ AXÉ OXOSSI E OXALÁ /JULHO DE 1994)