SACRIFÍCIO DOS ANIMAIS NO CANDOMBLÉ

“No dia em que um homem engolir uma galinha inteira, viva, sem tirar as penas, o sangue, as vísceras; no dia em que um parto não sangrar e a água não verter sobre a Terra, neste dia eu deixo de cortar para o Orixá.” – Pai Cido.

Na verdade, o próprio termo “sacrifício”, no Candomblé, não é muito correto, pois faz alusão a um desejo da entidade, ou Deus, o que não acontece no Candomblé. O Candomblé é o culto da natureza, aceita-se todas as pessoas como elas são e existem pessoas que gostam e comem carne de animais. Isso faz parte da natureza, um leão, por exemplo, sacrifica uma zebra para se alimentar e alimentar os seus. O sacrifício no Candomblé tem essa finalidade, está na “cadeia alimentar”. O animal será morto para que possa servir de alimento, então é feito um ritual para que o espírito do animal possa adquirir elevação espiritual.

O sangue (ẹ̀jẹ̀) é considerado um dos elementos mais importantes no momento do ritual do sacrifício dos animais pois é considerado o gerador da vida, é utilizado no ritual para que seja realizado o elo da pessoa com o plano espiritual, com o seu duplo. É o fluxo de fluído vital, estabelecendo um vínculo de união com o sobrenatural. A carne do animal deve ser preparada para alimentar o maior número de pessoas possíveis, causando um bem maior.

Durante todo o ritual do sacrifício, há uma pessoa responsável, chamada de Àṣògún (Axogum), responsável de fazer todos os rituais que diferenciaram aquele ato da de um açougueiro, sem que o animal sofra, para que o mesmo possa atingir uma elevação espiritual instantânea. O Àṣògún é sabe todas as rezas e cânticos que devem ser entoados durante o ritual.

Algumas aves são entregues nas ruas, porque os cultos afros estão ligados a natureza. Na África a própria natureza se encarregava da decomposição do animal no meio de uma mata, as bebidas não estavam em garrafas de vidro, não tinha plástico, mas eram usados utensílios naturais. Aqui no Brasil, com a tecnologia houve certa adaptação, entretanto as energias continuam na natureza, continuam nas estradas.

(Ilé de Oxóssi)

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